segunda-feira, 9 de abril de 2012


luciana fróes 
o globo | 00:00h | 06.abr.2012 
Quando descer ladeira abaixo não é nada mau
Na última vez em que estive no Sobrenatural, em Santa Teresa, acabei ouvindo Beth Carvalho e Geraldo Azevedo, com portas já baixadas e música rolando solta, noite adentro. Como não sou assídua do bairro e da casa, fiquei extasiada com a canja de bambas numa noite de semana. Parecia coisa do nova-iorquino Blue Note ou do londrino Ronnie Scott’s, onde os bambas vão chegando, entrando, cantando... E todo mundo ali sabe que assim seria e será sempre...Voltei para casa (de táxi) maravilhada. Embalada nesse espírito, fui jantar, sexta-feira, na filial do Catete.

A história ali é outra. O restaurante instalou-se no térreo do Casarão Ameno Resedá, erguido no século XIX mas do qual só restava a fachada. O prédio foi totalmente restaurado (está tinindo) e hoje não só abriga o Sobrenatural como uma casa de shows para 300 pessoas. Só para percorrer o casarão, já vale a investida ao local. 

Quem conhece a matriz de Santa Teresa vai estranhar o capricho da filial. O espaço é bem cuidado nos mínimos detalhes (a capa dos cardápios é um charme). A cozinha é a mesma, mas o serviço ainda patina, a carta de vinhos pede exemplares mais baratos, a iluminação é excessiva (metade das lâmpadas resolveria), o cardápio é grande demais, o espaço para sushis ainda não abriu e, ora, ora, não tem música. No mais, preços e padrão da cozinha não foram (e torço para não irem nunca) ladeira abaixo.

Ostras frescas (R$ 30) são a novidade dali, a “pegada” chique, segundo o maître. No mais, o de sempre: torta de caranguejo gratinada (R$ 22), adorável; arroz Sobrenatural, no qual os grãos vão crus para a panela junto com minipolvos, camarões e mexilhões, que trazem o arroz cozido dentro da concha (é genial esse prato, custa R$ 80 e dá para quatro), e surubim grelhado com molho de leite de coco (fresco) acompanhado de arroz de brócolis com castanha-do-pará, banana-da-terra e batata-baroa cozidas (R$ 98, para muitos). Todos chegaram em travessas fartas. Como éramos quatro à mesa, paramos por aqui. E fomos lá em cima tirar uma casquinha do show. Afinal, Sobrenatural sem música, a meu ver, não é natural.
 

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